Quem é o Assistente Social?

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A matéria abaixo foi publicada na Folha Dirigida.
Conheça um pouco a profissão:

Serviço Social: profissional preparado para resolver conflitos
25/10/2006
Bruno Aires


Hospitais, postos de saúde, presídios, asilos, orfanatos, empresas, ONGs e órgãos públicos são alguns dos locais onde o assistente social pode atuar. Sua principal função é auxiliar a solucionar conflitos e questões sociais com um grupo específico de pessoas. O profissional de Serviço Social também pode desenvolver projetos de assistência à população.
A coordenadora da graduação em Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), professora Andréia Clapp Salvador, acredita que a profissão se expandiu nos últimos anos. "O Serviço Social está com muita força, inserida em diversos campos. O profissional pode trabalhar com grupos diversos, como, por exemplo, crianças, adolescentes, idosos e até mulheres vítimas de violência", explica.
O campo de atuação do profissional, atualmente, abrange seis grandes áreas: Educação, Saúde, Justiça, Previdência Social, Sistema Penitenciário e Obras Sociais. "O assistente social atende, especialmente, a questões familiares. Em instituições públicas e ONGs, o profissional ganha cada vez mais força", conta Andréia Clapp.
A Saúde, ainda hoje, é o campo mais tradicional do assistente social, mas atualmente já não é mais o único. O profissional pode trabalhar no campo educacional, em escolas e coordenadorias regionais, nas áreas da habitação, da infância e adolescência, da terceira idade, em empresas e em penitenciárias. Ou seja, em qualquer instituição que necessite de uma pessoa responsável por mediar conflitos e melhorar a qualidade de vida das pessoas envolvidas.
Um novo e promissor espaço para os assistentes sociais surgiu na década de 90. Atualmente, o crescimento do terceiro setor, que inclui o trabalho em ONGs, em conselhos de políticas públicas e em assessorias ou consultorias, fez com aumentasse bastante a demanda por assistentes sociais. O profissional, neste caso, não trabalha apenas na execução de programas sociais como também no planejamento e na avaliação de projetos de instituições do terceiro setor.
Apesar de ser um mercado amplo e com muitas possibilidades, conseguir o primeiro emprego na área pode ser mais difícil do que se imagina. "Estamos passando por uma época de poucos empregos. No entanto, a área de Serviço Social é relativamente nova e está crescendo. A importância do profissional é enorme, porque a pobreza é cada vez maior e o assistente social atua nisso", analisa a professora.
A graduação em Serviço Social dura, em média, quatro anos. Grande parte dos cursos é oferecida em universidades particulares, o que é apontado por Andréia Clapp como um obstáculo para a formação dos profissionais. "Conseguir continuar em uma faculdade por quatro anos é uma dificuldade para muitos alunos. A universidade é um espaço caro e muitos estudantes não têm poder aquisitivo para ficar no curso", lamenta.
Na universidade, o curso de Serviço Social tem quatro anos de duração. Nos primeiros semestres, o estudante recebe formação básica com disciplinas como Antropologia, Sociologia, Filosofia, Psicologia e Economia, além de iniciar as disciplinas específicas, como Metodologia do Serviço Social, Política Social, Previdência Social e Ética. Para concluir o curso, o estudante precisa fazer quatro semestres de estágios supervisionados e um trabalho de conclusão de curso.
Muitos alunos optam pelo curso de Serviço Social porque já se engajaram em projetos sociais em associações comunitários ou ONGs. "O estudante é originário de classes populares e atua até como líder comunitário. A faculdade deve lutar para manter esse aluno até o final do curso, concluindo a graduação com tranqüilidade", defende Andréia.
A grade curricular do curso de Serviço Social é composta por disciplinas de três núcleos: Formação Básica, Formação Geral e Cultural e Formação Profissional. Sociologia, Economia, Filosofia, História, Direito até Teologia são disciplinas oferecidas no curso. "A formação é voltada para uma ação interdisciplinar. O foco é habilitar o assistente para integrar grupos de trabalho com outros profissionais, como historiadores, sociólogos e psicólogos", conta a coordenadora da PUC-Rio.
Para se formar, o estudante deve fazer um estágio supervisionado. "O aluno é bastante exigido no curso e o volume de leitura é grande. E o mercado exige que o profissional seja informado. Portanto, o aluno tem sempre que se manter atualizado, lendo revistas e jornais, além de conhecer as novidades da informática", orienta Andréia Clapp.
O QUE VOCÊ PODE FAZER COMO ASSISTENTE SOCIAL
Assistência à criança e ao adolescente: desenvolver e implantar projetos de apoio à educação e acompanhamento de crianças e jovens carentes. Na Justiça, acompanhar os processos envolvendo crianças e adolescentes em situações de risco social, de adoção e de disputa de guarda.
Educação: criar e implementar programas de bolsas e auxílio financeiro.
Empresas: organizar e executar programas educativos.
Habitação: auxiliar na implementação de programas habitacionais.
ONGs: criar, implementar e acompanhar trabalhos sociais.
Saúde: participar de campanhas públicas de prevenção de doenças. Prestar assistência a pacientes e a seus familiares.
Sistema penal: desenvolver e executar programas de assistência social em penitenciárias e junto a familiares de presos.
FICHA DO CURSO
O curso de Serviço Social, que tem duração mínima de quatro anos, tem o objetivo de ajudar o profissional na compreensão e na análise crítica da realidade social e dos fenômenos que decorrem dos movimentos sociais. No início da graduação, o estudante encontra disciplinas básicas como Sociologia, Economia, Antropologia, Filosofia e Psicologia. Depois, é a vez das disciplinas específicas como Política Social e Ética. Para concluir o curso, são exigidos quatro semestres de estágios supervisionados e a elaboração de um trabalho final no último período.
MERCADO DE TRABALHO
Os maiores empregadores de assistentes sociais no Brasil são os órgãos públicos, que absorvem cerca de 80% da categoria. O bacharel em Serviço Social é bastante valorizado nas áreas da saúde e educação, sendo contratado para atuar em prefeituras, entidades assistenciais, órgãos do sistema judiciário e da saúde, centros comunitários, ONGs, escolas, fundações, centros de pesquisa e universidades. Muitas empresas buscam o assistente a fim de desenvolver projetos sociais. Para exercer a profissão, o formado precisa se inscrever no Conselho Regional de Assistentes Sociais.
Salário médio inicial: R$1.300
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Matéria Publicada no Guia do Estudante:
Serviço Social
O assistente social trabalha com a questão da exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações para melhorar as condições de vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentação, saúde, educação e recreação e implanta projetos assistenciais.Em penitenciárias e abrigo de menores, propõe ações e desenvolve a capacitação, para a reintegração dos marginalizados. Em órgãos públicos, formula projetos e políticas que atendam aos segmentos excluídos da sociedade.Em empresas, realiza campanhas de segurança no trabalho e acompanha funcionários nas questões de saúde, finanças, sociais e familiares. É obrigatória a inscrição no Conselho Regional de Assistentes Sociais para o exercício da profissão.O cursoTodo o conteúdo curricular tem o objetivo de ajudar o profissional na compreensão e na análise crítica da realidade social e dos fenômenos decorrentes. Seu principal objetivo é formar um profissional capaz de criar e implementar programas cuja finalidade seja a transformação social. Para isso, as matérias envolvem sociologia, psicologia, filosofia, antropologia, história e gestão social.Desde o início do curso, o aluno realiza trabalhos de campo em comunidades e em diversos espaços institucionais e sociais, como hospitais e centros de integração. O estágio supervisionado é obrigatório. Duração média: quatro anos.
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Testemunha da Desigualdade
Matéria publicada no site:
É provável que, no Brasil, o Serviço Social tenha nascido durante a Primeira Guerra Mundial. Nessa época, imigrantes de várias colônias, em especial as da Itália, da França e dos Estados Unidos, realizavam festas beneficentes destinadas a enviar ajuda às vítimas do conflito e aos exércitos de seus países. Em São Paulo, uma quermesse promovida pela colônia italiana arrecadou fundos para a ampliação do hospital Humberto I. Talvez tenham sido essas as sementes de um trabalho que só na década de 40, durante o Estado Novo, se transformaria em profissão, graças às leis trabalhistas que incorporaram o Serviço Social como política do governo Getúlio Vargas.Com o desenvolvimento da atividade industrial e a expansão da classe operária, as desigualdades sociais ganharam visibilidade e passaram a exigir maior atenção do Estado. Surgiram, então, as políticas de bem-estar social que buscavam suprir as necessidades do trabalhador em áreas de saúde e educação.Associar o trabalho de assistência social a atividades filantrópicas é um erro. Trata-se de uma profissão que, mais do que assistencialismo, exige conhecimentos em várias áreas das Ciências Sociais, sobretudo quando se deseja implantar programas e políticas sociais nas empresas. A bagagem para contornar os mais diversos problemas vem de um currículo que contempla várias áreas do conhecimento. Além de disciplinas básicas, como filosofia, psicologia, sociologia, direito e legislação social, estudam-se matérias mais específicas - teoria do serviço social, política social, administração em serviço social, ética e planejamento.Quem escolhe essa carreira deve estar preparado para encarar a dura realidade de um país com tantas desigualdades sociais como é o nosso. Crianças abandonadas, mendigos ao relento, doentes em busca de uma vaga num leito hospitalar, idosos na fila da previdência social, consumo de drogas, alcoolismo - a lista dos desafios a enfrentar é enorme. Aplicando seus conhecimentos de psicologia, antropologia, Economia, o assistente social procura apontar soluções para as mazelas sociais e orientar os cidadãos sobre os seus direitos. O trabalho costuma ser feito junto a outros profissionais - médicos, advogados, psicólogos ou educadores, numa ação multidisciplinar, em atividades ligadas a setores como habitação, previdência, saúde e saneamento básico.O Estado é o principal empregador. Contratados por órgãos governamentais, os profissionais vão trabalhar em prefeituras, escolas, creches, hospitais, penitenciárias, varas de justiça da criança e da família, além de outros serviços comunitários. Nas empresas privadas, o campo de ação é mais restrito, embora já estejam surgindo assistentes sociais na área de recursos humanos, para a seleção e treinamento de pessoal, benefícios e acidentes do trabalho.

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